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Autor: Sérgio Almeida
Data: 25 de Fevereiro de 2007
Visto no Jornal de Notícias em http://jn.sapo.pt/2007/02/25/cultura/multidao_quis_vero_senhor_professor.html

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Multidão quis ver o 'senhor professor'

A popularidade e a proverbial resistência física de José Hermano Saraiva conheceram ontem dois novos flagrantes exemplos. Ao longo de quatro (!) horas, o mediático historiador transformou o que se previa ser uma pacata sessão de autógrafos na Livraria Latina, no Porto, numa impressionante manifestação de carinho que qualquer Nobel, por certo, não desdenharia.

«É uma comoção extraordinária. Já perdi a conta ao número de exemplares que assinei», confessou o comunicador, de 87 anos, sensibilizado em particular «com os pais que compram livros para os filhos que ainda nem sequer sabem ler» e indiferente «às calosidades que começam a aparecer nas mãos» ao fim de tantas horas a assinar autógrafos.

A adesão popular foi tal que a gerência da livraria se viu obrigada a antecipar em meia hora o início. Um paliativo que não evitou as longas filas de espera nas horas seguintes. Com o mais recente livro do autor na mão - 'Lugares históricos de Portugal', uma edição das Selecções do Reader's Digest -, a multidão enfrentou o tempo que tinha pela frente sem o mínimo sinal de enfado. 
«Por maior que seja, a espera vale a pena», resumiu Clara Esteves, uma secretária de 53 anos disposta a esperar «o tempo que for preciso» para oferecer o novo livro do 'senhor professor' à filha, caloira do curso de História.

Para Hermano Saraiva, a sessão teve também um significado simbólico adicional. Em 1943, com o curso de História terminado há pouco, venceu o primeiro concurso de contos promovido pela Latina, graças ao livro
'Este vento vindo dos montes', baseado nas cartas apaixonadas escritas àquela que viria a ser a sua mulher. Com os três mil escudos ganhos, pôde reunir algum dinheiro que o ajudou "a casar e a mobilar a casa".

«Não é bem um regresso, porque, sempre que venho ao Porto - e são muitas vezes -, faço questão de cá vir, pois sinto-me em casa», sublinhou.

Proprietário da Latina, Manuel Perdigão, não ficou surpreendido com a receptividade, porque 
«é uma figura com um perfil único».

A emblemática livraria está a comemorar os 75 anos e, até fim do ano, vai levar por diante um calendário cultural intenso, com mostras e debates em destaque."

Errata: O proprietário da Latina é Henrique Perdigão e não Manuel Perdigão. A Livraria Latina comemora 65 anos e não 75. :)